
Governança corporativa: vantagens para além do case Americanas
A governança corporativa ganhou significativa relevância no começo deste ano, principalmente pelo seu papel de controle e estruturação interna das empresas. Apesar de já falarmos sobre o tema há algum tempo, como neste artigo do blog, é interessante trazer o assunto novamente, considerando os recentes acontecimentos envolvendo o caso da Americanas.
Governança em xeque
Atualmente, quando falamos em governança corporativa, inevitavelmente surge o assunto das inconsistências contábeis que levaram ao rombo financeiro da grande varejista. A relação entre os assuntos é evidente, afinal, antes dos acontecimentos, a Americanas mantinha uma aparência governamental por estar listada no Novo Mercado, considerado o segmento de alto padrão de transparência e de maior nível de governança corporativa da B3, a nossa bolsa de valores. Além disso, ela fazia parte de importantes índices, como o Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT).
A notícia, mais que evidenciar as falhas nos mecanismos de gestão da empresa, acendeu um alerta em relação à verdadeira função da governança nas organizações.
Governar para direcionar
A definição de governança corporativa já foi abordada nesse artigo do blog, mas, de forma sucinta, trata-se de um sistema implementado nas empresas e organizações com o objetivo de estruturar, dirigir, monitorar e melhorar os processos internos, além de incentivar o relacionamento entre sócios, conselheiros, membros de órgãos de fiscalização e de controle, diretoria e demais partes interessadas.
A execução da governança corporativa pode ocorrer de diversas maneiras, dependendo do objetivo da empresa, como por meio de princípios, regras, diretrizes, estruturas e processos. Instalação de conselhos de administração, realização de programas de inovação e de integridade, criação de canais de denúncias e adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) são alguns exemplos de mecanismos que podem ser realizados nas empresas.
Oportunidades
Mesmo que a falta de transparência nas auditorias contábeis e fiscais da Americanas tenha sido divulgada como falha de governança corporativa, a sua implementação pode trazer muitas vantagens para as empresas, inclusive de pequeno e médio porte.
Questionamentos simples demonstram essa importância no ambiente empresarial. Como os colaboradores devem se portar ao receber brindes e presentes de parceiros de negócios? Existe uma gestão de riscos relacionados a vazamentos de dados pessoais? Caso um importante colaborador se ausente, há processos documentados de suas atividades? A cultura e os valores da companhia são percebidos pelos seus colaboradores? A empresa está preparada para uma diligência externa? E está adequada para captar investimentos? Essas e outras perguntas podem ser respondidas por meio de políticas internas, códigos de postura e demais mecanismos de governança corporativa.
Particularidades
Como se nota, a governança é um produto amplo, com diferentes desdobramentos, que mudam conforme a necessidade e o objetivo da empresa. Por isso, um diagnóstico prévio pode dizer muito sobre o caminho que a empresa irá trilhar para se governar de forma responsável e efetiva.
Indo além do case Americanas, que estampou uma falha governamental, quando bem implementados, os mecanismos de governança corporativa trazem benefícios para as empresas: evitam desvios de conduta, identificam e corrigem erros, punem responsáveis, preparam a empresas para diligências, fortalecem a cultura interna e reforçam a visão dos investidores em relação à companhia.